O que aconteceu nesse interim
Na moral, é até chato de contar. Eu tive mais problemas no trabalho, na pós, nos relacionamentos, na academia, etc, etc. Aquela garota que eu mencionei no último post, aliás, se tornou uma baita dor de cabeça nesses 3 meses e pouco.
Trabalho
Eu não estou mais aguentando trabalhar da maneira que a gente trabalha. Sempre que parece que vai avançar, dá dois passos pra trás.
Basicamente, mob programming vai ser substituído por pair programming. Se você não sabe o que é mob programming, você pode pesquisar pra ter uma ideia mais completa, mas basicamente é uma prática de desenvolvimento que coloca três pessoas para trabalhar no mesmo código ao mesmo tempo: uma decide o que digitar (navigator), outra digita (driver) e a terceira está lá de suporte (support). Esses "cargos" rotacionam com uma certa frequência, geralmente de 15 a 45 minutos. Se você achou que isso é uma perda de tempo, reconsidere.
Uma defesa de mob programming - um à parte
Mob, na minha opinião, não é inerentemente ruim. Quando eu entrei na empresa, por exemplo, eu entrei numa mob que tinha um cara quase virando Tech Lead, um cara completando dois anos de empresa e outro completando 2 meses. O meu onboarding foi SEN-SA-CIO-NAL! Em pouco tempo eu conseguia de maneira bastante competente navegar por uma base de código extremamente complexa. Entendi sua construção e também a arquitetura dos microsserviços mais relevantes para o meu trabalho. Tudo isso em duas semanas! Depois de passar 3 meses fazendo onboarding na Amazon, foi um alívio conseguir finalizar uma task, criar o PR e fazer o deploy nos primeiros quinze dias.
Mas então que que eu tô falando? Quer dizer que ir para pair programming são os "dois passos pra trás" e que mob é melhor? Sim e não.
Mob programming não é o demônio por si só, mas a maneira como fazemos na empresa é. São 6 horas ininterruptas de mob. Tem um break aqui e ali, mas isso é muito exaustivo. Nunca nenhum ritmo de trabalho me deixou tão exausta, nem quando eu tinha que despencar diariamente de Guarulhos até a Raposo Tavares pra trabalhar no Itaú.
Só que trocar pra pair programming são passos pra trás. Ou melhor, são passos pra frente, mas passos vacilantes. Quem nunca deu um passo vacilante pra frente e, mudando de ideia no caminho, quase torceu (ou de fato torceu) o pé? É isso que vai acontecer se não tivermos cuidado.
E por que, eu pergunto? Porque o que pode acontecer é aumentar o trabalho mantendo os problemas que mob não resolve esou melhor, que finge que resolve mas agrava.
Uma crítica à mob programming - outro à parte
O argumento que você mais encontra é que mob é bom porque mais pessoas estão olhando para o código. Isso aumenta qualidade de código e distribuição de conhecimento. Vamos analisar um pouco.
"Mob programming aumenta qualidade de código porque mais pessoas olhando o código se traduz em menos bugs"
Tirando o fato de que isso não se observa na prática, algo que eu tenho propriedade para afirmar visto que trabalho com isso há dois anos já, o que esse pensamento presume é que as pessoas que não são o navigator vão conseguir ver os problemas do código.
O primeiro problema que eu tenho com isso é que isso só se aplica a bugs superficiais. Um typo aqui, uma falta de encoding ali, mas esse é o limite. Bugs relacionados a problemas de design não são vistos por ninguém geralmente justamente porque tá todo mundo de olho no código. "Ah, Patrícia, mas e code review?" Bom que você perguntou.
Sabe que faz o code review? Quem desenvolveu. Agora, você acha que, se você desenvolveu um código, você tem condições de revisá-lo de maneira competente e livre de vieses? Eu não acho, GitHub também não e eu arrisco dizer que a grande comunidade concorda conosco.
Agora, se todo o time que pode revisar tocou na implementação, o que a gente faz? Revisões incompletas.
"Mob programming melhora a disseminação de conhecimento técnico"
Vamos lá que essa é nível dogma forte!
A premissa é que, como tem três pessoas olhando pro código, tem três pessoas a par do que está acontecendo. Mas e o resto da equipe, como faz? Documentação, né?
E é aí que eu chego, com experiência de campo. Ninguém documenta nada!
Como os times em geral são responsáveis pelo código e ninguém mais precisa entender além deles mesmos, não existe documentação completa. Então se sai alguém, se entra alguém novo, etc, tudo é dependente da experiência de quem já estava na empresa. Caos, caos completo!
Então é isso. O pair programming corre o risco de ir pro mesmo lugar da mob. Espero que não, mas enfim, estamos trabalhando nisso.
Pós
Eu parei a pós-graduação no final de julho. A pós de arquitetura de software da FIAP, infelizmente, é ruim. Conteúdo incompleto, ocasionalmente incorreto, trabalhos sem sentido, etc. A FIAP fez um bom jogo dando uma licensa da Alura para os alunos, porque sem ajuda dos cursos da Alura você sai completamente incapaz de enfrentar um projeto de arquitetura de software.
Além disso, eu fui obrigada a pagar a diferença das mensalidades com desconto que eu já havia pago porque eu ia sair. Ridículo, absolutamente ridículo. Engana trouxa e, infelizmente, eu fui a trouxa.
Não estudem na FIAP!
Relacionamentos
Eu não vou falar da tal garota, mas muitos dos problemas que aconteceram aconteceram porque ela estava aqui. Eu não acho que são culpa dela, eu nunca disse isso. Ela só fez algumas falhas nos nossos relacionamentos ficarem mais óbvias.
Meu relacionamento com as três namoradas teve problemas, mas muito mais com as duas que se relacionaram com essa menina. Problemas de me sentir ignorada, de ter que acudir ciúmes delas, etc, etc.
Mas tudo está bem agora. Menos uma coisa mas eu tenho fé de que a gente vai sair dessa.
Academia e saúde
Saudável eu estou, mas eu estou gorda, e eu não gosto. Eu não ligo que outras pessoas sejam gordas, de verdade. Mas eu já sou trans, sabe? Eu não quero ter MAIS dificuldade em encontrar uma roupa que eu possa caber. Essa briga eu não estou disposta a comprar, sinto muito.
"Ah, Patrícia, mas e se você fizer academia?" Eu faço. Eu treino feito uma maluca, mas não adianta (embora eu tenha coxas bem fodas!).
"Então é alimentação..." Eu sei. Aí que tá, eu sei que minha alimentação é o problema. A questão é que eu tenho restrições alimentares seriíssimas. É muito difícil para mim ter a fortitude mental para encarar uma reeducação alimentar. Só que TODAS as nutricionistas que eu tentei ficam tentando me enfiar fruta, leguminosas, etc. Eu. Não. Quero! Eu sei do que eu preciso, e o que eu preciso é não querer enfiar uma faca no meu estômago toda vez que eu vou sair de casa!
Eu recebi o contato de uma outra nutricionista. Vamos ver se vai dar certo. Eu preciso me manter firme e dizer na cara dela com toda sinceridade:
— Isso não vai funcionar!
No fim das contas, é isso aí. Eu não tenho mais muito que escrever. Talvez uma coisa ou outra depois disso aqui mas o grosso já foi.